terça-feira, 18 de setembro de 2012

DOIS ÔNIBUS FORAM QUEIMADOS DURANTE PROTESTO CONTRA O FIM DA INTEGRAÇÃO EM NATAL

Júlio Pinheiro - Editor

Os protestos contra a atitude do Seturn em suspender o Passe Livre resultou em dois ônibus incendiados em Natal, na noite desta terça-feira (18). Os dois veículos pertenciam à empresa Guanabara e foram queimados na avenida Bernardo Vieira, ao lado do Midway Mall, e no Bairro Nordeste, no terminal da empresa. Ninguém dos que estavam nos ônibus ficou ferido durante a ação.
 Alberto Leandro
O ônibus incendiado no bairro Nordeste atraiu a atenção de moradores. Não há informação se o incêndio foi intencional ou não.

Manifestantes ocuparam duas faixas da BR-101, no sentido Centro-Zona Sul, durante protesto contra a suspensão do sistema de integração no transporte público em Natal. Cerca de mil pessoas participaram do movimento, que começou nas proximidades do Natal Shopping, e alguns seguiram em caminhada em direção ao shopping Midway Mall, através da Avenida Prudente de Morais.
Algumas linhas de ônibus receberam a ordem de pegar caminhos alternativos para fugir do protesto. Já alguns veículos que passaram pelo local onde ocorreu a manifestação ficaram retidos, havendo, inclusivem a pichação de alguns ônibus. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirma que pelo menos quatro pessoas foram detidas e encaminhadas para a delegacia de plantão Zona Sul por acusação de desacato.
A suspensão da integração entrou em vigor às 0h desta segunda-feira (17) por decisão do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos do RN (Seturn), que alegou "grande desequilíbrio econômico". O Ministério Público ajuizou, na tarde desta terça-feira (18) para dar fim à suspensão do Passe Livre. Já a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) se posicionou contrária à decisão da Seturn e deve entrar na justiça amanhã para pedir a revogação da decisão dos empresários.
O ônibus incendiado no bairro Nordeste atraiu a atenção de moradores. Não há informação se o incêndio foi intencional ou não.

Os incidentes ocorreram durante a noite. Ao lado do Midway Mall, o ônibus incendiado, da linha 02 (Gramoré), estava com passageiros quando os manifestantes chegaram para a ação. De acordo com relatos de funcionários da Guanabara, o motorista chegou a se recusar a abrir a porta para a entrada dos manifestantes, quando teve início a depredação. O fogo, no entanto, só foi ateado depois que todos os passageiros estavam fora do veículo.

Populares informaram que os manifestantes utilizaram "coquetéis molotov", que são garrafas cheias de líquido inflamável, para iniciar o incêndio. O Corpo de Bombeiros chegou ao local quando as chamas ainda não tinham destruído completamente o veículo. Contudo, os manifestantes impediram a ação dos Bombeiros até que o ônibus estivesse completamente em chamas.

Os Bombeiros conseguiram controlar o fogo somente por volta das 23h, após barreira montada pelo Pelotão de Choque da POlícia Militar. Porém, quando teve início o trabalho para conter as chamas, pouco havia sobrado do veículo. "Foi um incêndio provocado, obviamente. Não pudemos controlar o fogo antes porque fomos impedidos", explicou um dos bombeiros que trabalhou no local.
Júlio Pinheiro/CelularSegundo informações da Polícia Militar, alguns dos manifestantes foram responsáveis pelo incêndio do ônibus na avenida Bernardo VieiraSegundo informações da Polícia Militar, alguns dos manifestantes foram responsáveis pelo incêndio do ônibus na avenida Bernardo Vieira

Além do veículo queimado na Bernardo Vieira, outro ônibus da Guanabara foi queimado no Bairro Nordeste. Funcionários da empresa confirmaram que a ação também foi criminosa, mas que também não houve feridos. O ônibus, que cumpria a linha 25, ficou completamente destruído.

Rodoviários relataram que também houve uma tentativa de incêndio a ônibus da empresa Conceição, na Prudente de Morais. Porém, não houve a confirmação por parte do Corpo de Bombeiros.


Apesar da ação da Polícia Militar para conter manifestantes em pontos específicos da cidade, não há a confirmação sobre número de prisões ou feridos. Relatos em redes sociais dão conta de que alguns dos participantes dos protestos teriam sido atingidos por balas de borracha durante a tarde e noite, precisando, inclusive, de socorro médico. No entanto, também não há confirmação dos fatos.

Reação

Com os protestos, os proprietários das empresas determinaram o recolhimento dos ônibus às garagens por volta das 21h30. Passageiros que ainda estavam nas ruas, como foi o caso dos que aguardavam os transportes no Midway Mall, ficaram sem que algumas linhas disponibilizassem veículos. Por parte dos funcionários, o clima foi de tensão durante a terça-feira.

O motorista Rogério Henrique Dantas, que trabalha há 12 anos no transporte coletivo, disse que nunca havia presenciado uma manifestação nessas proporções. Trabalhando na linha 72, ele relatou que manifestantes também picharam e adentraram o veículo em que trabalhou durante a tarde e noite. "Tive que abrir a porta traseira. Se não abrisse, não sei se poderia ser agredido, ou o que mais poderia acontecer", disse. "Está muito complicado de se trabalhar", relatou.


















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